Maré de Lua

De ‘Viciado’ a Gênio?

Descubra Como os Games Podem Ser Sua Arma Secreta

Nesses tempos de telas onipresentes, o tempo parece se dobrar sobre si mesmo, não é? Falando em telas, quero conversar com vocês sobre algo que já foi relegado ao quarto escuro do preconceito, quase demonizado como o ópio eletrônico da juventude. Sim, eles: os videogames.

Ah, os games… Aquela caixinha mágica – ou hoje, aquele portal digital no seu celular, console, computador – que nos transporta para universos paralelos. Mundos de fantasia medieval, futuros distópicos, campos de futebol virtuais ou quebra-cabeças que desafiam a lógica. Por muito tempo, a conversa foi uma só: “isso vicia”, “isso te deixa burro”, “vai fazer algo de útil!”. Será mesmo?

Pense bem. O que é um jogo, senão um conjunto de regras, um objetivo e a necessidade constante de tomar decisões? O que acontece no cérebro quando estamos imersos, tentando decifrar aquele puzzle intrincado em The Legend of Zelda ou coordenando um ataque com desconhecidos do outro lado do mundo em um MMORPG?

A ciência, essa senhora curiosa que adora desvendar mistérios, começou a olhar com mais atenção. E o que ela descobriu? Que, veja só, jogar videogame de forma equilibrada pode ser uma verdadeira academia para a mente! Sim, você ouviu direito. Aquela “perda de tempo” pode estar afiando suas habilidades cognitivas de maneiras surpreendentes.

Estamos falando de melhoria no raciocínio lógico – afinal, como passar daquela fase senão pensando estrategicamente? Falamos de tomadas de decisão mais rápidas e precisas, porque em muitos jogos, um milésimo de segundo faz a diferença entre a vitória e o “game over”. A atenção seletiva, a capacidade de focar no que importa em meio a um turbilhão de informações visuais e sonoras, é exercitada a cada instante. A memória de trabalho, aquela que usamos para guardar informações temporárias enquanto resolvemos um problema, está sempre em alta rotação.

E o aspecto social? “Ah, mas videogame isola!”. Será? Pergunte aos milhões que formam guildas, clãs, times… Que constroem amizades – e rivalidades saudáveis – em comunidades online. Ali, aprende-se a colaborar, a liderar, a negociar, a comunicar-se com clareza para atingir um objetivo comum. É quase um laboratório social disfarçado de diversão. Uma ágora digital onde se pratica o trabalho em equipe.

Mas, como tudo na vida, o veneno está na dose. É aqui que entra a palavra-chave: saudável. O equilíbrio. A sabedoria de entender que o controle do videogame não pode ser o controle da sua vida. Os benefícios florescem quando o jogo é parte de um cotidiano rico e variado, que inclui também o sol no rosto, o olho no olho, o movimento do corpo, as responsabilidades e os afetos do mundo… digamos… analógico.

Jogar de maneira saudável é usar o game como ferramenta: para relaxar depois de um dia tenso, sim. Para se desafiar e sentir a deliciosa satisfação de superar um obstáculo. Para se conectar com amigos ou fazer novos. Para mergulhar em narrativas interativas tão complexas e emocionantes quanto as de grandes livros ou filmes. Para, quem sabe, até aprender inglês, história ou física de um jeito diferente.

Então, da próxima vez que você pegar o controle, ou ver alguém imerso em uma tela, talvez o olhar seja outro. Não o da condenação apressada, mas o da curiosidade. O que está sendo construído ali, por trás daqueles pixels vibrantes? Que habilidades estão sendo afiadas? Que histórias estão sendo vividas?

O universo dos games é vasto, complexo e, sim, potencialmente enriquecedor. Basta navegá-lo com inteligência, moderação e a consciência de que a maior aventura ainda é a vida real. Mas que um bom “save point” mental nesses mundos digitais pode nos ajudar a voltar mais fortes para ela… Ah, isso pode.

Pensem nisso. Até a próxima.

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Writer & Blogger

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